domingo, 29 de dezembro de 2013

Pequenos dialogos



- Mas, essa vontade e esse amor não crês que sejam comuns a todos os homens? Não te parece que todos desejam o que é bom? Qual é tua opinião a esse respeito?
- De fato, creio também que é sentimento comum a todos os homens.
 (...)
- Pois o mesmo se dá com amor: desejo do bem e da felicidade, em geral, eis no que para todos consiste o grande e astucioso Eros. Mas há muitos modos de dar satisfação ao amor e, entre eles, o de procurar as riquezas, os esportes, a filosofia, aos quais, todavia, não se aplicam corretamente os nomes de amante e amado; apenas a uma determinada espécie de amor e aos seus sequazes é que se dá o nome que de direito pertencer ao gênero todo: amor, amar, amante...
 (...)
- Há uma lenda que diz que os que amam nada mais fazem senão procurar a sua metade. Eu, porém, creio que amar não é procurar nem a metade nem o todo, se, meu caro, isso não for bom: pois os homens consentem que se lhes cortem os próprios pés e mãos, quando estes são maus. Julgo que na realidade ninguém ama o que é pelo simples fato de ser seu, pois então todos diriam que bom é o que é seu. Bons seriam os seus parentes. Qualificariam de mau, pelo contrario, tudo quanto fosse alheio. Não! Os homens apenas amaná o que lhes parece ser bom. Não é esta também a tua convicção?

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